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terça-feira, 4 de agosto de 2009

Música, remédio para alma


Quando o aposentado José Roberto Rodrigues Rosa, 62, chega em um hospital, tudo muda. A rotina de injeções e curativos é quebrada pelo sons das cordas de seu violão e de sua voz, que enche o ambiente de entusiasmo. “É um trabalho que me dá muita satisfação, porque traz resultado imediato. Às vezes entro numa enfermaria, todos os rostos estão tristes. E quando saio, só vejo sorrisos. E bom demais!”, explica o voluntário, que toca e canta em três hospitais de Goiânia. No repertório de José, mais de 500 músicas, entre as sertanejas de raiz, pop e religiosas, levantam o astral de quem está hospitalizado.

A inspiração para o trabalho veio depois que o aposentado ficou internado por mais de dez dias, há 12 anos. “Sofri um acidente de moto, meu braço foi quebrado em três pontos, tive que colocar gesso. Naqueles dias, um senhor evangélico passava tocando músicas religiosas, eu brincava com ele, pedia que tocasse duas músicas de Deus e uma do ‘capeta’. A gente ria, e aquele clima descontraído me ajudava a esquecer a dor, o desconforto do gesso, a sensação ruim de estar em um hospital”, conta. Dois anos depois, já recuperado, José Roberto decidiu tocar e cantar para pacientes do Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo). “Queria que eles sentissem um pouco de alívio, como eu senti, quando estava internado”, comentou.

O trabalho fez tanto sucesso que, em menos de seis meses, o aposentado foi convidado a tocar no Materno-Infantil. Hoje, ele trabalha cinco dias por semana, levando alegria para doentes do Hugo, Materno e Hospital das Clínicas (HC). “Recebo convites para outros hospitais, mas já não tenho tempo disponível para atender”, disse. A maior satisfação do voluntário é ouvir, dos doentes, que sua música é melhor que o remédio tomado no hospital.

No primeiro ano em que começou a tocar para acamados, José Roberto presenciou uma cena inusitada: “Estava tocando Chalana. Quando terminei, um paciente arrancou a agulha do soro, levantou cambaleante e foi saindo do quarto, dizendo ‘Depois dessa eu tenho que tomá uma, tenho mesmo...’ Deu um trabalhão para as enfermeiras trazerem ele de volta pra cama”, lembra.

A música de José Roberto faz tanto sucesso nos hospitais que os médicos o convidam até para entrar na UTI, para cantar e tocar. “Eles falam que o paciente, mesmo em coma, consegue ouvir e pode melhorar com a música”, conta. Parentes de pacientes, que veem o humor de uma pessoa querida melhorar depois da animação passada pelo aposentado, fotografam o momento. “Eles falam que querem guardar a experiência, para servir de inspiração para que outras pessoas também levem a alegria da música para o hospital”, explica.

Além de tocar e cantar, José Roberto também é autor do livro Vícios nunca mais. Nas conversas nos hospitais e em palestras em escolas, ele aborda o combate a quatro vícios: drogas, álcool, cigarro, comida. “Gosto de ensinar as pessoas a serem maiores que o vício.”

O violeiro, que canta nos corredores, enfermarias ou UTI, disse que a maior ajuda que precisa para continuar com o trabalho é a parceria com outros artistas. “Quem tiver vontade de tocar em hospitais, pode me telefonar, porque tenho muitos pedidos que não consigo atender”, disse. O telefone para contato com José Roberto é 62 9901-4338.

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